Corpo Contínuo

No terreno da existência diária, estamos sucessivamente encontrando com fatos que nos são externos, tropeçando em obstáculos, coisas reais que não cedem aos nossos esforços nem ao poder de nossas fantasias. O simples fato de estamos vivos e existindo significa, continuamente, que estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é, em suma, sentir a ação de fatos externos resistindo à nossa vontade, ou a reação ao contínuo fenômeno da nossa permanência em determinado tempo e espaço.
Na série apresentada por Alberto Oliveira, o corpo humano se desobriga deste acontecimento. Ele se funde, desaparece, mimetiza-se em cenários e paisagens, e mesmo quando vividamente deslocado de seu fundo, parece não estar existindo para aquele tempo. O sentido de ocorrência quase que desaparece, visível apenas em um trabalho - o de uma criança saindo da cena, quase volatizando-se, como que para reforçar o tema.
Nestas fotos, o corpo desocupa-se de sua funções primordiais - agir e reagir - para adquirir apenas uma qualidade - ser parte do fenômeno, não fazer parte deste.


Wair de Paula - 2013

A     L     B     E     R     T     O       O     L     I     V     E     I     R     A
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